O Ministério da educação do Brasil desencadeou uma tempestade política ao apelar ao público para que denuncie pais, estudantes e professores que “estimulam” os protestos contra cortes orçamentais durante o horário escolar.
O Ministério publicou seu apelo, que continha um link para onde as pessoas poderiam informar em seu site, assim como uma segunda rodada de manifestações contra o corte do financiamento da educação ocorreu em mais de 100 cidades em todo o país na quinta-feira.
A nota, que afirmava que “professores, fornecedores, funcionários, estudantes, pais e responsáveis não estão autorizados a divulgar e estimular protestos durante o horário escolar”, provocou uma tempestade imediata de críticas sobre o controverso ministro da educação Abraham Weintraub.
Em meio a acusações de totalitarismo incipiente, os políticos da oposição estão se mobilizando para acusar o ministro de abuso de autoridade, enquanto em comentários à mídia local um dos principais promotores federais do país disse que a nota de seu ministério poderia violar a constituição e o estatuto da criança e do adolescente do país.
O Sr. Weintraub iniciou a atual ronda de agitação estudantil ao dizer que estava a reduzir o financiamento para três universidades por causa do que ele disse ser a sua promoção de “confusão” em vez de se concentrar nos padrões académicos. Depois que seu plano inicial foi recebido com indignação, ele abandonou a ideia de punir instituições individuais para revelar um congelamento de financiamento em todo o setor universitário público.
Um acólito do ex-astrólogo virou teórico da conspiração que é o guru de vários ministros do Presidente da extrema-direita Jair Bolsonaro, o Sr. Weintraub prometeu combater o que ele vê como “marxismo cultural” no setor de educação do país.
A nota de quinta-feira também advertiu que as instituições educacionais são proibidas por lei de promover ações organizadas por partidos políticos. O governo de Bolsonaro tem procurado retratar os recentes protestos estudantis como sendo organizados por seus opositores de esquerda.
O ministro já foi acusado por promotores federais por danos morais depois que o acusaram de “discriminação odiosa dirigida aos representantes do movimento estudantil” desde que assumiu o ministério em abril.A acusação inclui como evidência uma conversa que o ministro teve com políticos no nordeste do Estado do Rio Grande do Norte que o questionou sobre a falta de financiamento para serviços básicos de limpeza em universidades locais. O Senhor Deputado Weintraub respondeu que os organismos sindicais de estudantes deveriam ser chamados a limpar as instituições.